A Polícia Federal (PF) indiciou mais 27 pessoas na operação “Entre Amigos”, que investiga o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS) por suspeitas de desvios milionários durante a pandemia de covid-19. A operação, iniciada há três anos em Divinópolis, ganhou destaque em dezembro de 2020 com a execução dos primeiros mandados de busca, apreensão e prisão em várias cidades de Minas Gerais.
De acordo com o delegado Felipe Baeta, o esquema de fraudes começou durante a pandemia e foi replicado em outras cidades como Betim e Ribeirão das Neves. “Várias das fraudes em Divinópolis foram repetidas em Betim e Ribeirão das Neves. O modus operandi era o mesmo”, afirmou Baeta.
Os contratos para a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e do hospital de campanha em Divinópolis somaram R$ 100 milhões. A PF comprovou o desvio de R$ 3,5 milhões, mas estima que o prejuízo possa chegar a até 20% do valor contratado. Em Betim, os desvios podem ter alcançado R$ 23 milhões, enquanto em Ribeirão das Neves, o valor estimado é de R$ 1 milhão. As investigações devem ser concluídas no primeiro semestre do próximo ano.
A investigação teve início em 2020 após uma denúncia de sobrepreço na locação de ambulâncias para a UPA. A Controladoria-Geral da União (CGU) analisou os documentos e identificou fortes indícios de desvio de recursos, favorecimento de empresas, ausência de divulgação de editais e sobrepreço em aquisições.
Em Divinópolis, 11 suspeitos já foram indiciados, e cinco deles são réus na Justiça Federal, respondendo por desvio de recursos públicos e organização criminosa. O Ministério Público Federal (MPF) solicitou a instauração de novos inquéritos para desmembrar a investigação e oferecer denúncias separadas.
Na primeira fase da operação, a PF cumpriu quatro mandados de prisão temporária, 26 mandados de busca e apreensão, 50 afastamentos de sigilo fiscal e bancário, um afastamento de função pública, quatro afastamentos do exercício de atividade econômica, além do sequestro e indisponibilidade de bens no valor de mais de R$ 2 milhões de nove pessoas jurídicas investigadas.
Os mandados foram cumpridos em Divinópolis, Belo Horizonte, Oliveira, Betim, Contagem, Mateus Leme, Lagoa Santa e São Joaquim de Bicas, com a participação de 112 policiais federais e 10 auditores da CGU.
Todos os investigados responderão pelos crimes de fraude em licitação, desvio de recursos públicos e associação criminosa, cujas penas somadas podem chegar a 19 anos de prisão, se condenados. Até o fechamento desta matéria, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social não havia se manifestado sobre o caso.